domingo, 11 de abril de 2010

JESUS FALAVA HEBRAICO

FONTE: http://www.catolicosdobrasil.com.br/tag/lingua/


Nas terras onde viveu Jesus, no século I, consta que se falavam quatro línguas: arameu, hebreu, grego e latim. Destas, a língua oficial era o latim, que também era a menos usada. Era utilizada praticamente pelos funcionários romanos quando falavam entre eles, e era conhecida por algumas das pessoas mais cultas. Não é provável que Jesus tivesse estudado latim, nem que o empregasse na suas conversações ou pregações.

Quanto ao grego, não deveria surpreender que Jesus o usasse alguma vez, já que os camponeses e os artesãos da Galiléia conheciam esta língua, ou ao menos as palavras necessárias para uma transação comercial simples ou para comunicar-se com os habitantes das cidades, que na sua maioria tinham a cultura helênica. Empregava-se também na Judéia: calcula-se que, dos habitantes de Jerusalém, entre oito e quinze por cento falavam o grego. Contudo não se sabe se Jesus empregou o grego alguma vez, nem se pode deduzi-lo com certeza de algum texto, ainda que esta possibilidade não possa ser de todo rejeitada. É provável, por exemplo, que Jesus tenha falado nessa língua com Pilatos.

A língua hebréia, porém, é possível que Jesus a conhecesse e empregasse algumas vezes, dadas as repetidas referências dos Evangelhos à pregação de Jesus na sinagoga e nas suas conversas com os fariseus sobre os textos das Escrituras.

Ainda que às vezes Jesus usasse o hebreu, parece ser que na conversação e na pregação, Jesus falava normalmente em aramaico, que era a língua normal para o uso diário entre os judeus da Galiléia. Tanto é que no texto grego dos Evangelhos deixam-se em aramaico algumas palavras ou frases soltas colocadas na boca de Jesus: talitha qum (Mc 5,41), corbán (Mc 7,11), effetha (Mc 7,34), geenna (Mc 9,43), abbá (Mc 14,36), Eloí, Eloí, ¿lemá sabactháni? (Mc 15,34), ou dos seus interlocutores: rabbuni (Mc 10,51).

Os estudos lingüísticos dos Evangelhos apontam para as palavras neles recolhidas que originariamente foram pronunciadas na língua semítica: hebreu ou possivelmente em aramaico. Percebe-se a textura peculiar do grego que foi usado nos Evangelhos traduzidos de uma matriz de sintática aramaica. Mas também é possível deduzir o fato de que as palavras que os Evangelhos colocam na boca de Jesus adquirem uma força expressiva quando traduzidas ao aramaico, e no qual é possível usar palavras com uma carga semântica diferente da mesma palavra em grego, derivada do uso semítico. Em algumas ocasiões, ao traduzir os Evangelhos para uma linguagem semítica percebem-se neles alguns jogos de palavras que estão ocultos no original grego.

BIBLIOGRAFIA

Joseph A. FITZMYER, “The Languages of Palestine in the First Century A. D.”, Catholic Biblical Quartely 32 (1970) pp. 501-531; Stanley E. PORTER, “Jesus and the Use of Greek in Galilee” in Bruce CHILTON – Craig A. EVANS (ed.), Studying the Historical Jesus. Evaluation of the State of Current Research, Brill, Leiden-New York-Köln 1994, pp. 123-154; Pinchas LAPIDE, “Insights from Qumran into the Languages of Jesus”, Revue de Qumran 8, 4 (n. 32) 1975, pp. 483-501; Chaim RABIN, “Hebrew and Aramaic in the First Century” in Shemuel SAFRAI – Menahem STERN (ed.), The Jewish people in the first century: historical geography, political history, social, cultural and religious life and institutions, Van Gorcum, Assen – Amsterdam 1976, pp. 1007-1039; Francisco VARO, Rabí Jesús de Nazaret, BAC, Madrid 2005, pp. 66-70.

MIDRASH AGADÁ


Midrash Agadá

Costumava o velho Tera construir ídolos e vendê-los no mercado. Diariamente mandava um filho ao mercado, com um cesto cheio de deuses grandes e pequenos, caros e baratos.

Certo dia, coube a Abraão ir ao mercado com o cesto de deuses. Ele os tirou do cesto e deitou sobre o tabuleiro, os maiores por cima, os médios no meio , e os pequenos por baixo. Achegou-se um homem avançado em anos, mas ainda forte, que falou:

- Abraão, dá-me um bom deus, tão grande e forte como eu mesmo.

Mostrou-lhe Abraão o maior, o que estava bem em cima e falou:

- Aquele que é o maior de todos é também o mais forte; mas os meus deuses têm um defeito; antes de ver o dinheiro eles não se mexem do lugar.

O velho pagou-lhe, pegou o deus e quis ir embora.

- Quantos anos tendes? – perguntou-lhe Abraão.

- Setenta anos – respondeu-lhe o velho.

- É lamentável que tenhais tão pouco juízo. – disse Abraão - Vós mesmo tendes setenta anos e quereis curvar-vos perante um deus que acaba de ser feito.

O velho lhe atirou o deus dentro do cesto e exigiu o dinheiro de volta. Abraão devolveu-lhe a paga e o deixou em paz.

Veio então uma mulher velha e disse:

- Abraão, dá-me um deus bem barato, tão pequeno e ordinário como eu sou.

Ele lhe designou o menor, bem embaixo e disse:

- Este é bem da vossa medida: pequeno, baixo e deitado sob todos os outros.

Depois que ela lhe pagou o pequeno preço, Abraão perguntou-lhe:

- Quantos anos tendes?

- Ah! Muitos – respondeu a mulher. Eu mesma já não me lembro quantos.

- Que vergonha – disse Abraão. – Uma anciã como vós curvar-te perante um pequeno deus que só ontem foi feito.

Ao ouvir isso, a mulher pegou seu dinheiro de volta e foi embora sem o deus.

Abraão fez o mesmo com todos os compradores. (*)




A história de Abraão acima não consta no texto bíblico. É um Midrash, que retrata de forma pictórica e acessível um complexo episódio teológico, o nascimento do monoteísmo e sua aceitação por Abraão.


(*) GUINSBURG, Jacob (org.) Histórias do Povo da Bíblia: relatos do Talmud e do Midrasch. São Paulo: Perspectiva, 1967. p.78-79.

FONTE: http://linguahebraica.blogspot.com/2009/04/la-vigencia-del-idioma-ladino.html